A esclerose múltipla se caracteriza como uma doença autoimune que afeta o sistema nervoso central, ou seja, cérebro, nervos ópticos e a medula espinhal. Essa doença causa uma “confusão” no sistema imunológico, fazendo-o atacar células saudáveis, como se fossem elementos externos e intrusos. O resultado desse distúrbio é a deterioração da mielina, que é a bainha que realiza a proteção dos nervos.
Dados do Hospital Albert Einstein indicam que a prevalência e a incidência de esclerose múltipla no mundo variam de acordo com a geografia e etnia, com taxas de prevalência variando de 2 por 100.000 no Japão e mais de 100 por 100.000 na Europa e na América do Norte.
No Brasil, a estimativa é de 40.000 casos, conforme a última atualização da Federação Internacional de Esclerose Múltipla e da Organização Mundial da Saúde, de 2013. O número estimado de pessoas com esclerose múltipla no mundo aumentou de 2,1 milhões em 2008 para 2,3 milhões em 2013.
Apesar dos diversos estudos sobre essa doença, infelizmente, sua origem é desconhecida e ainda não há nenhum antígeno específico que atue para coibir a deterioração da mielina. Porém, suspeita-se que, além de uma predisposição genética, fatores externos, como o ambiente onde se vive, além de infecções virais (vírus Epstein-Barr) e exposição a elementos do cigarro, podem estar intimamente ligados ao surgimento da esclerose múltipla.
Ao contrário do que muitos pensam, a doença atinge, na maioria dos casos, jovens entre 20 e 40 anos, que estão na plenitude de suas vidas profissionais e pessoais. Diante disso, é inegável o impacto na vida do paciente e na de seus familiares.
Tipos de esclerose múltipla e seus sintomas
Existem quatro tipos de esclerose múltipla, que se diferenciam pelo grau de comprometimento dos nervos e pela forma como a doença se desenvolve. São eles:
Esclerose múltipla recorrente-remitente (EMRR)
É a forma mais comum da doença, englobando cerca de 85% dos diagnósticos. Esse tipo de esclerose é caracterizado pela ocorrência de surtos bem-definidos, que podem durar dias ou semanas e depois desaparecem por completo, deixando ou não sequelas.
Esclerose múltipla primária progressiva (EMPP)
Atinge cerca de 10% dos pacientes e se caracteriza principalmente pelo início lento dos sintomas, que aumentam de forma gradativa, gerando um acúmulo de déficits e incapacidades que podem se estabilizar ou se estender por longos períodos.
Esclerose múltipla secundária progressiva (EMSP)
Tem início com o curso da doença recorrente-remitente, acompanhado pelo aumento gradativo de incapacidades físicas e mentais, que muitas vezes inclui mais surtos e nenhum período de remissão da doença.
Esclerose múltipla progressiva recorrente (EMPR)
É o tipo mais raro da doença, atingindo apenas 5% dos pacientes, e se caracteriza principalmente pela perda neurológica constante desde o início da doença, com surtos agudos claros e constantes. Pode ou não haver recuperação após os surtos, porém, a doença continua a progredir sem remissões.
Por apresentar sintomas também comuns a outras doenças, muitas vezes o diagnóstico da esclerose múltipla pode ser difícil e demorado, mas, dentre os sintomas mais visíveis, podemos destacar:
- problemas de locomoção e equilíbrio;
- desequilíbrios emocionais desencadeados pela doença, como ansiedade, depressão, irritabilidade e alterações bruscas de humor;
- dificuldades para urinar e defecar;
- surgimento de dificuldades para falar e deglutir;
- presença cada vez maior de sensação de fadiga, capaz inclusive de impedir a feitura de tarefas do cotidiano;
- perda significativa de memória e concentração.
Tratamentos
Embora ainda não haja cura para a esclerose múltipla, existem alguns tratamentos, em sua maioria medicamentosos, que diminuem a ocorrência e a frequência dos surtos e reduzem sua gravidade, além de limitar o grau de incapacidade do paciente, melhorando sua qualidade de vida.
Os principais medicamentos utilizados nos tratamentos são os corticosteroides, que são úteis para reduzir a intensidade dos surtos, além dos imunossupressores e imunomoduladores, que contribuem para o espaçamento dos episódios de recorrência e o impacto negativo que provocam na vida dos portadores.
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